SINTRAJURN participa do II Encontro de Pretas e Pretos da Fenajufe

O II Encontro de Pretas e Pretos da Fenajufe ocorreu de forma híbrida e representaram o SINTRAJURN, em Brasília, os servidores Francisco Maurício Silva dos Santos e Francisca das Chagas Gomes da Silva, além do coordenador-geral do Sindicato, Leandro Gonçalves que acompanhou todas as discussões online. Foram 38 participantes de 14 sindicatos diferentes.
Nas falas de abertura, evidenciou-se a necessidade urgente de combate ao racismo nas organizações, nas instâncias do poder judiciário, do ministério público e, principalmente, na sociedade como um todo.
As (os) dirigentes ressaltaram a importância do debate racial na categoria como forma de incentivar a construção de ações efetivas de eliminação das discriminações, preconceito e outras formas de opressões nos sindicatos de base, que visem o enfrentamento para além das instituições do PJU e MPU.
Houve ainda uma homenagem póstuma ao servidor aposentado Amaro Grassas Faustino. Falecido no dia 1 de agosto, o servidor aposentado do TRF- 2, esteve presente no “I Encontro de Pretas e Pretos”, em 2022 e participava do Departamento de Combate ao Racismo do Sisejufe/RJ e do núcleo de Oficiais de Justiça do sindicato.
O coordenador Luiz Cláudio Correa dividiu a mesa com Patrícia Fernanda Santos, integrante do Coletivo de Combate ao Racismo do Sisejufe/RJ e Magali Dantas, membra fundadora e articuladora do “Grupo de Trabalho para Direitos Humanos, Equidade de Raça, Gênero e Diversidade” da SJRS e autora da “Pesquisa de Ações Afirmativas e de Equidade no Poder Judiciário”, representando também o Sintrajufe/RS.
A diretora do Sisejufe/RJ, Neli Rosa emocionou os presentes ao relembrar sua trajetória de luta, atuação e amizade dentro e fora do sindicato. Após, foi apresentado um vídeo com as imagens que podem ser conferidas (AQUI)
A retomada dos debates se deu com o painel “A importância do Associativismo no cenário antirracista do Judiciário brasileiro com o juiz Fábio Esteves do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e Rosana Fernandes (Solidarity Center)
Em sua manifestação inicial, o Juiz discorreu sobre as dificuldades de chegar aonde chegou e da solidão enfrentada dentro do exercício da carreira provocada pela questão da sua cor e raça, acentuada principalmente por ter performado como uma pessoa branca. Segundo ele, “os estereótipos performam a vida das pessoas e prescrevem onde as pessoas devem estar.” “Minha competência é questionada cotidianamente não por causa de currículo e sim por este corpo estar num lugar estranho ou esse lugar (magistratura) ainda estranhar esse corpo”.
Com um discurso antirracista contundente, Rosana Fernandes afirmou que o associativismo é um conjunto de organizações que lutam por uma sociedade diferente e “pensando numa sociedade diferente é pensar, economicamente, socialmente e politicamente o sistema capitalista. A militante reforçou que “o capitalismo é hegemônico no mundo todo, extremamente excludente e determinante. “É ele quem determina, na nossa sociedade, quem vai ter voz e direitos, quem serão as pessoas que terão oportunidades e que exclui a população negra em especial.”
Ainda compôs a mesa, como convidada, Lídia Rafaela Barbosa dos Santos, integrante da coordenação geral de políticas de envelhecimento ativo e saudável do Ministério dos Direitos Humanos.
Lídia trouxe a reflexão quanto à perspectiva do envelhecimento plural. Ela pontuou que mesmo sendo a maior parte da população do País, negras e negros não são os que mais envelhecem e isso tem fundamento no racismo. Ela explicou que a secretaria trabalha a perspectiva do envelhecimento desde a concepção. “Quem tem direito a nascer?” Quem tem direito a viver?” “Quem tem direito efetivamente de passar pela etapa da velhice, e como passar?”. Integrante da Marcha Mundial de Mulheres , Lídia convidou todos os presentes para participar da construção da “Marcha de Mulheres Negras” que ocorrerá em Brasília em 2025.
Logo após essa sequência de falas, os participantes tiveram um momento de relaxamento com uma oficina de boneca Abayomis, ministrada pela artesã Maria Sineide de Lima. Sineide também é pedagoga e trabalha com crianças especiais onde desenvolve a confecção das bonecas como arteterapia.
A assessora técnica da Fenajufe, Vera Miranda e Alexandre Marques, assessor institucional, protagonizaram o tema. A condução da mesa ficou a cargo de Felipe Mafalda, servidor do Tribunal Regional Federal da segunda região (TRF-2), e Maria Elizabeth, representando o Sintrajud/SP e Sisejufe/RJ, respectivamente.
Fazendo um histórico da luta da Federação sobre as questões de raça no Poder Judiciário, Alexandre Marques lembrou que essa discussão não é nova. Ele citou a realização do primeiro “Seminário Nacional de Combate ao Racismo e Identidade Negra do PJU e MPU, realizado pela Fenajufe em 2013, quando se discutiu a criação do Coletivo Nacional, instituído ontem, (19), onze anos depois.
O assessor elencou a diversidade de pautas sociais defendidas pela Federação como da Pessoa com Deficiência, (PCD), de gênero, LGBTQIA+ reforçando a relevância que isso traz para a sociedade. Ele reconhece que a luta sindical por benefícios, melhores salários é importante e necessário, mas “Sindicatos do século XXI tem que olhar para outras pautas, olhar para a pauta humana”.
Com informações da Fenajufe

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